Poemas de Geraldo Reis & Convidados (... e eu me sentia, mais por isso, irmão das águas, irmão menor de todos os rios do mundo - in JOGAR BRIGDE)
NAQUELE JANEIRO
NAQUELE JANEIRO
E carreadas até o primitivo desenho de teu corpo na pedra.
Naquele janeiro, as águas repetiriam teu nome no tropel dos cavalos
E o relâmpago recortaria nas grotas o caminho de teu seio.
Entre musgo, lianas, serpentes e beijos.
Naquele janeiro, dariam teu corpo como desterrado para sempre
E o barulho de teu sono anunciaria a instalação do caos na paisagem.
E as uvas encurtariam a embriaguez antiga
Do vinho derramado pela mão que repetiu teu gesto.
Seríamos surpreendidos pelo teu nome na velha folha de malva
E boiaríamos para sempre, órfãos de tua boca, de tua face, mãos e atropelos.
DESEJO, POEMA DE VITOR HUGO
Esse poema é uma sequência de flashes que dá a dimensão da poesia na vida do homem enquanto ser sensível, feito para amar e para o amor.
Traz uma lição do belo, pelo simples fato de o homem ser e estar no mundo. A partir do primeiro verso ,"desejo que você ame", V. H. faz um passeio no tempo e no espaço, colocando o homem diante da incerteza, da perplexidade, das "pequenidades", da grandeza, do simples e do óbvio que é o amor, esse bem tão necessário, que deve multiplicar-se.
O desfecho é de uma beleza rara e merece transcrição:
"Desejo, por fim, que você, sendo homem / tenha uma boa mulher/ e que sendo mulher/ tenha um bom homem. / E que se amem hoje,amanhã e nos dias seguintes,/ E quando estiverem exaustos e sorridentes, /Ainda haja amor para recomeçar . // E se tudo isso acontecer / Não tenho mais nada a te desejar."
Poema extraordinário! Puro encantamento. Belo, belo. (O SER SENSÍVEL - Geraldo Reis - Belo Horizonte, 09 de junho de 2007.