28/05/2019

MINAS EM PRETO E BRANCO

MINAS

EM PRETO 

E BRANCO


(COM A DEVIDA VÊNIA, LEMBRANDO DRUMMOND)

    Geraldo Reis  / maio 2019


 
Se Minas não há mais, José,  
                   e se a festa acabou

Resta a lembrança da parede que dói 
como um deserto
mais do que o retrato.

Resta a maldição do retrato
em preto e branco 
perseguindo o reboco.

Resta a algaravia  
pousada de madrigais,
no beiral abandonado. 
 
Resta o muro que enferruja o subsolo.

Se Minas não há mais, José, 
resta a lembrança
de um vitral que se desfaz
na garganta comovida dos galos
entre as duas cores do retrato de hoje.
  
Minas não dá mais, José,
                    e  agora?
 
Lembrada em preto e branco
mais do que o retrato 
Minas é uma parede que dói.