01/03/2008

AINDA, A POESIA

POESIA É O ESQUELETO QUE DESABA / DA NOITE QUANDO A CHUVA / CRIVADA DE FARÓIS.

27/02/2008

GÊNESE DE PABLO

Geraldo Reis

não salsugem o rio
que é dele
o mar que amanhecemos

pois o rio
vai sem bridges

d
e
s
c
e
n
d
e
n
d
o

ou estirando no varal do tempo
nossa carne: roupa-em-retalho

(o homem é o galho
espantalho e tempo)

não solarpem o peixe
que a moenda
é dádiva a contento
acupuntura e frio
que o rio tece

d
e
s
c
e

meu desespero e brio

não sulfurem minhas acnes
não securem minhas veias
que rio sou de humano
no gestar sementes.
-------------------------------------------------------------
Antologia Poética 2
INTERLIVROS - MG / 1977 - pág. 81 e 82

MEU POEMA

Geraldo Reis

Meu poema faço todo com palavras 
Minado eu tenho o peito 
Pise com cuidado. 

Minha poesia 
Cabo novo de enxada 
É o que me agrada 

E meu poema 
Briga de coice no escuro 
Me habita todo e fantasma. 

Só a poesia me sabe os meus melindres. 

Faço uma rodilha e boto na cabeça 
Carrego o feixe de lenha de palavras 
Para o fogão do sobre-humano espanto.

METANÁUTICA

Geraldo Reis  

 

água 

vela 

corpo e destino 

 

rio 

barco 

ela e menino 

 

e duro e dar-te 

e vento e vela 

e corpo e charco 

e eu e ela 

 

triste é o destino das águas

enquanto rio 

e o destino do rio 

enquanto vento 

 

triste o destino do vento 

enquanto barco 

e o destino do barco 

enquanto vela 

 

e eu e ela 

e duro e dar-te 

e cio e cela

 

enquanto barco preciso 

içar as velas de cio 

 

enquanto vela procuro

amar-te em corpo e escuro

 

enquanto corpo

resolvo 

 

andar-te em duro 

e durar-te. 

 

ANTOLOGIA POÉTICA 2 - Pág. 84/85

Editora Interlivros - MG / 1977.