15/02/2009

O TREM DE ITAMARANDIBA

 

O TREM DE ITAMARANDIBA 



 

 

Agora um rio de sono

flor e febre

viaja a nossa carne penhorada.


 

O Trem de Itamarandiba

cheinho de degredados

viaja seus relógios.


 

E longe um cavalo

sem promessa que seja

de alforje ou viagem

arrasta um irmão.


A lua pela metade

de bronze um cavalo

no tempo e zinabre.


 

Ferve o sol diamantino.


 

O Arraial do Ouro Podre

sem Tiradentes por perto

cumpre na febre a memória

de um tempo degolado.


 

O trem de Itamarandiba

cheinho de degredados

viaja nossos relógios.


 

DURANDO ENTRE VINDIMAS - PÁG. 15

 

PRÍNCIPE E ESPANTALHO






PRÍNCIPE E ESPANTALHO




Bom mesmo era morrer em Acapulco

Com a minha vó me embalando

Ao som de oboés pasteurizados.



Bom mesmo era ser príncipe e espantalho

E uma pedra no bolso esquerdo

Pesando como um relógio.


Pág. 36 do livro
DURANDO ENTRE VINDIMAS
Prêmio de Cidade de Belo Horizonte - Poesia - 1988.