25/10/2009
24/10/2009
jorge tufic, a poesia em pessoa
08/10/2009
05/10/2009
Mosaico insólito: ensaios e resenhas ... - Google Books
Reencontro Edgard Pereira (que era dos Reis) nesse trabalho de leitura indispensável, imprescindível para compreensão da poesia mineira, da experimentação poética dos anos 70, principalmente, e dos entrelaces entre uma vertente e outra de nossa poesia mais impactante. Crítico inteligente, é também excelente contista, tendo se projetado, já naquela época, como autoridade. Sob todos aspectos, Edgar Pereira é uma das vozes das mais destacada da Literatura Mineira dos anos 70, um tempo que foi ontem, mas que já está ficando distante. É uma alegria reencontrá-lo e ver o que ele tem a dizer, seja como crítico, seja como contista, seja como professor. Sempre haverá o que aprender com ele, Mestre, no sentido mais completo da expressão. Geraldo Reis (Autor de PASTORAL DE MINAS (poesia) e DURANDO ENTRE VINDIMAS (poesia).
Mosaico insólito: ensaios e resenhas ... - Google Books
Reencontro Edgard Pereira (que era dos Reis) nesse trabalho de leitura indispensável, imprescindível para compreensão da poesia mineira, da experimentação poética dos anos 70, principalmente, e dos entrelaces entre uma vertente e outra de nossa poesia mais impactante. Crítico inteligente, é também excelente contista, tendo se projetado, já naquela época, como autoridade. Sob todos aspectos, Edgar Pereira é uma das vozes das mais destacada da Literatura Mineira dos anos 70, um tempo que foi ontem, mas que já está ficando distante. É uma alegria reencontrá-lo e ver o que ele tem a dizer, seja como crítico, seja como contista, seja como professor. Sempre haverá o que aprender com ele, Mestre, no sentido mais completo da expressão. Geraldo Reis (Autor de PASTORAL DE MINAS (poesia) e DURANDO ENTRE VINDIMAS (poesia).
04/09/2009
16/08/2009
Osmar Pisani: Nascido para a poesia | CULTURA
Chegou-me via internet, às vésperas do aniversário de Osmar Pisani, que completaria 73 anos no dia 18 de agosto, esse artigo de FRANCISCO SOCORRO, que lhe presta sincera e merecida homenagem.
CULTURA
Nascido para a poesia
Autor de As Paredes do Mundo, Osmar Pisani achava patéticos os que faziam “experiências” com a palavra
É usual celebrar-se a vida e a obra de pessoas renomadas por ocasião de sua partida. Seguindo o padrão, voltamos a lembrá-las a cada data redonda do falecimento: 10, 25, 50 anos, e por aí vai. Destacam-se, então, virtudes humanas, obra e importância na sua área de atuação. No caso de Osmar Pisani, por único e irrepetível, desconheça-se a morte, que a poesia baniu de sua vida, para celebrar, longamente, a dádiva do seu nascimento entre nós e em nosso tempo.
Poeta, sobretudo, e também professor, crítico de arte e companheiro no Conselho Estadual de Cultura, Pisani prossegue na emoção e na palavra dos que foram e tiveram a graça do seu convívio. Homem inteiramente visível, partilhou dúvidas, umas poucas certezas, as alegrias e angústias da sua circunstância de poeta; seu ensinamento.
No processo, lega-nos a condição, que lhe foi epicêntrica, de um sapiens convincente como tal, habitável feito uma casa familiar e acolhedora. Nesse espaço conviveu, convive, a difícil arte dos relacionamentos duradouros e felizes, a exemplo da união de quase cinco décadas com sua companheira Vaiani Kotzias Pisani e a amizade fraterna e exemplar, desde a juventude, com Lindolf Bell e Péricles Prade. Os três formaram o consagrado trio de poetas nascidos no Vale do Itajaí e pertencentes à emblemática geração dos anos 1960. Outro exemplo de amizade duradoura foi a que manteve com Rodrigo de Haro.
Também o vencedor da mais recente edição do prêmio Cruz e Sousa, edição 2008/2009, o catarinense Abelardo da Costa Arantes Júnior, com o romance Cruz no Campo, foi seu amigo fraterno de toda uma vida, dando-se a coincidência de ter Osmar Pisani levado a palma na primeira edição do mesmo prêmio, em 1981 (As Paredes do Mundo, poesia). O júri que validou com o Cruz e Sousa sua condição de poeta era composto por Adonias Filho, Armindo Trevisan, Fausto Cunha, Ferreira Gullar e Marcos Konder. O concurso era considerado, então, o maior prêmio literário do Brasil e, segundo a extinta revista Visão, com ele Santa Catarina passou a ser “o país da poesia”.
Não tenho a veleidade de analisar o legado literário de Osmar Pisani, tarefa da qual intelectuais com a qualificação adequada já se encarregaram. Vale transcrever, por simples e definitiva, a avaliação do escritor Péricles Prade, que sintetiza a presença de Pisani na nossa literatura: “Se, como afirmou Harold Bloom, o verdadeiro critério de identificação de um bom poeta é o fato de o mesmo sobreviver a uma leitura minuciosa, podemos afiançar que essa obra, cuja poeticidade é perceptível de imediato, não só sobreviveu, após ter sido lida com a maior das atenções, mas sobreviverá, tamanha são as suas evidentes qualidades”. Mais do que discorrer sobre um poeta ou arte poética, portanto, quero falar de um amigo.
Seguem alguns fragmentos da biografia de Osmar Pisani, por Osmar Pisani: “Nasci em Gaspar, SC, no dia 18 de agosto de 1936. Meu pai era um sonhador, socialista que sempre entrava em conflito com os poderosos da época. Tinha vindo de Porto Alegre, onde se casara e, depois de Palhoça, foi para Gaspar. Como agente dos Correios e Telégrafos, tinha, naquele tempo, uma certa autoridade, por ser um funcionário federal – juntamente com o prefeito e o juiz. Por isso, e além de uma proteção invisível que vinha da Capital, nunca foi demitido: era sempre removido para outras cidades. Foi assim que, com uma semana de vida, fui para Concórdia, no dia 25 de agosto de 1936. Foi nessa cidade que tive a primeira percepção do mundo, da realidade, o entorno inicial de minha existência, o universo de uma rua de barro vermelho, um morro e uma casa de dois pavimentos. Enfim, tive uma infância com extrema liberdade. Durante o inverno, com o quarto aquecido com latas cheias de brasa, meu pai contava histórias, acrescentando novos personagens e inventando outros. De minha mãe, guardo o perfil moreno, magérrima, e duro de tanto trabalho, apesar de ter uma assistente. Precisava cuidar de sete filhos (....). Sofri um acidente e fiquei imobilizado por seis meses; foi aí que se consolidou a vocação poética: a febre, o delírio, a sensualidade, a luz, o amor, a volúpia, o túnel da morte, tinha ouvido do médico: ‘seu filho vai morrer...’, mas restava um espasmo de vida; via-o do alto e não queria morrer. Acho que a imobilidade me levou à reflexão e à poesia. Quase um ano depois, na adolescência, comecei a escrever. Meu primeiro livro publicado foi O Delta e o Sonho, em 1964”.
Um grande sonho de Vaiani Kotzias Pisani, e certamente de todos que amam a poesia, é ver reunida num único volume a obra completa de Osmar Pisani (O Delta e o Sonho, As Raízes do Vento, As Paredes do Mundo, Vens Volátil como a Paisagem de Del-waux, Versos ao Boi-de-Mamão, este último publicado com o título Variações Lírico-Pictóricas). O poeta deixou inédita sua última obra, Esferas do Espelho.
O poeta Cláudio Viller, numa enquete sobre poesia, encaminhou algumas perguntas a Osmar Pisani em 2001. Trechos de sua longa resposta foram publicados na segunda edição do livro As Paredes do Mundo:
“A rigor, o valor de um poema define-se pela sua linguagem. Como há 5 mil anos foram feitos milhões de poemas e o poeta vai repetir aqueles mesmos temas, penso que somente a linguagem pode ser o diferencial na forma de colocar estes temas. Mas não é só isso: é preciso que a linguagem se transforme no fenômeno poético! O que é isto? Esta é uma questão que gostaria mesmo de polemizar, por isso algumas frases provocativas. Ser poeta é visualizar outro estado de ser. Vejo a poesia como um ser vivo e sagrado em seu desdobramento mítico e inviolável. O conteúdo de um poema só é bom quando instala o estranhamento, o mistério, a indagação. Só é bom quando se afasta do transitório, da banalidade, da babaquice, em direção ao eterno. A arte é ainda uma catarse. Exige nosso sangue. A poesia circula nas veias do poeta, na angústia de ser poeta. O verdadeiro poeta transcende os limites da percepção rotineira. A verdadeira poesia rompe o tecido conceitual da realidade, cria uma nova tessitura poética, mais real, irreal, surreal em sua essência (....) O lugar do poema é no limiar da metáfora, embora a poesia moderna privilegie a metonímia, é a metáfora que dá emoção à poesia. Mas emoção, como dizia Ferreira Gullar, não é emocionalismo barato. O bom poema necessita de contida elaboração, mas a técnica por si só pode tornar-se inútil e estéril se não veicular a poesia (....) Tenho lido muitos poemas em meus 65 anos, no entanto, parece que quase todos dizem la stessa cosa. O mais patético, hoje, são aqueles que fazem ‘experiências’ com a palavra sem nada a ver com a poesia”.
Pisani, catarinense da pequena Gaspar, nos deixou no dia 8 de março de 2007. Para a companheira de vida Vaiani, os filhos Lênia Pisani Gleizi e Osmar Pisani Jr., seus amigos, artistas, alunos e companheiros do Conselho Estadual de Cultura – faça-se a concessão ao clichê – transmudou-se em espaço de puro afeto e saudade. Dá-se que ele detestava o convencional, o previsível e, mais ainda, elogios ou reverências. Este relato, portanto, de certa forma é feito à sua revelia.
Foi no Conselho Estadual de Cultura que conheci essa doce figura que nunca passava despercebida, sobretudo pela jovialidade e bom humor, quebrando, muitas vezes, a solenidade e o protocolo de uma reunião plenária com observação jocosa e surpreendente sobre o tema em discussão. E vinha o riso de todos. Traço característico de seu ofício como conselheiro, para mim inesquecível, era a qualidade dos pareceres. Para ele, o campo da sua obra literária, a crítica de artes e o trabalho no CEC não se excluíam; antes, se ajustavam reciprocamente. Nas câmaras de Artes Plásticas e Letras a que pertencia no CEC, opinava com inteligência aguda e crítica. Ele nos ensinou, por exemplo, que no parecer sobre projeto cultural submetido ao CEC, à semelhança da crítica de arte, deve predominar o sentido pedagógico, construtivo, nunca a simples demolição.
Sua ex-aluna e também crítica de arte Roseli Hoffmann lembra: “Uma lição que aprendi com Osmar Pisani é que a crítica deve vir sempre acompanhada do estímulo...”. Marita Barbi, secretária-executiva do CEC, depõe: “Com suas tiradas inteligentes, Pisani fazia nossas reuniões do CEC agradáveis, leves e divertidas. Tinha o coração maior do que a própria estatura. Estava sempre pronto a ajudar a quem precisasse, seja com uma palavra amiga, um elogio, pequenos presentes, que, vindos dele, tinham valor inestimável. Aconteceu comigo: certo dia, estava secretariando a reunião do CEC e ele me aparece com um presente, um perfume escolhido pelo seu gosto apurado. Para homenageá-lo, eu só o colocava nos dias de reunião, para que durasse mais tempo”.
José Mindlin consigna que “o Brasil é fonte permanente de surpresas. Uma destas foi conhecer a poesia de Osmar Pisani, merecedora de bem maior divulgação do que alcançou até hoje. O trabalho de divulgação de Osmar Pisani trará para ele o justo reconhecimento nacional, que sua obra merece. Lembro bem suas visitas aqui em São Paulo, e tenho a satisfação de ter na biblioteca seus livros As Raízes do Vento e As Paredes do Mundo”.
Sandra Makowiecky, pró-reitora de Ensino da Udesc, afirma sobre Pisani: “Era figura atuante na cultura catarinense, incentivador e divulgador, com atuação destacada como crítico de arte e na literatura. Tinha alma jovem e gostava de estar rodeado de jovens; notável talento para descobrir e incentivar valores”.
Sandra Ramalho, doutora em Semiótica e professora do Centro de Artes da Udesc, diz que: “Falar de Osmar Pisani só em fragmentos, para poder dar cortes na continuidade da narrativa de uma vida em toda a sua inteireza; da vida de um ser coerente com seu tempo, com suas crenças, com seu passado, com a cidade e o Estado. Um vanguardista comportado, um anarquista construtivo. Pioneiro na crítica de arte em Santa Catarina, ele não a exerceu de modo ferino e demolidor, como alguns; suas palavras apontavam equívocos e indicavam caminhos”.
Para Marcelo Muniz, membro do CEC: “Nosso amigo, conselheiro, poe-ta e crítico de arte Osmar Pisani foi para um outro plano. Mas as suas ideias visionárias e o seu senso crítico ainda estão vivos na consciência dos que tiveram a honra de ser seus contemporâneos”.
Segundo Lygia Helena Roussenq Neves, diretora do Masc: “Osmar Pisani contribuiu, ao lado de Lindolf Bell e Harry Laus, na construção dos contornos do mapeamento da cultura e arte catarinenses. Saudoso companheiro de Conselho Estadual de Cultura, compartilhamos políticas culturais, alegrias, contradições, instantes lúdicos e abstratos; sobretudo, momentos plenos de reflexão e debate na busca de bons resultados. Dos meus lugares da lembrança de Cecília Meireles para Pisani: ‘dize: o vento do meu espírito soprou sobre a vida e t
udo que era efêmero se desfez e ficaste só tu, que és eterno’”.
Lauro Junkes, presidente da Academia Catarinense de Letras e membro do CEC, diz que: “Desde a década de 1970 acompanhei o escritor Osmar Pisani. Um lutador. Um renovador. Do Simbolismo e do Surrealismo, extraiu percepções luminosas. Sua poética não declara, sugere. Não é poesia de consumo. Exige comunhão sólida. Depois, no Conselho Estadual de Cultura, por alguns anos, geramos pareceres na Câmara de Letras. Pisani trouxe atuação competente, entusiasmo pela cultura, convívio amigo. Viva e saudosa prossegue, ainda, sua imagem alegre”.
Dizer mais o quê? De minha parte, a constatação, iluminada pelos versos de Osmar Pisani, de que ele não se terá perdido “na poeira das coisas”:
Que obscura relação
há no amor humano
e na trajetória da morte?
O anjo assimila a brutal
experiência do acaso
e o ato não recusa
a cilada da morte
na poeira das coisas
tratadas pelos homens.
Por FRANCISCO SOCORRO, Publicitário, presidente do Conselho de Ética das Agências de Publicidade de SC e membro do Conselho Estadual de Cultura de SC.
15/08/2009
EUCLIDES ETERNIZADO!
A notícia nos lembra que o lendário escritor morreu num domingo, 15 de agosto de 1909.
Fico sabendo que a homenagem é do Coral do Inpa e do Grupo Teatral Faz-de-conta, da Escola Municipal Albérico Antunes de Oliveira. “Os Sertões”. O evento acontecerá sábado, dia 15 de agosto, às 10h, na Livraria Valer (Rua Ramos Ferreira, 1195, Centro, Manaus).
A Literatura Brasileira seria menor sem OS SERTÕES, essa obra ímpar do extraordinário escritor, que teve morte trágica (assassinado), mas que permanece nas obras que deixou. Por oportuno, a Academia Brasileira de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico, instituições a que pertenceu devem homenageá-lo, evidentemente. A Rede Globo também, que exibiu já algum tempo um seriado sobre o escsritor. Por que não? Deveria ser exibido novamente. Fica a sugestão.
21/06/2009
Li, gostei! Repasso, pois. Onetti, quem diria...
Segunda, 15 de junho de 2009, 14h40
Um perdedor de cem anos
Tomás Eloy Martínez
Do The New York Times
Que o romancista uruguaio Juan Carlos Onetti faça 100 anos é uma redundância, porque já os tinha quando nasceu em Montevidéu no dia 1º de julho de 1909. Passava a maior parte do tempo na cama e a imobilidade centenária era a sua maneira de entender-se com o mundo.
Nos seus últimos anos recebeu todas as honras que de sobra havia merecido muito antes por uma obra narrativa áspera e desiludida como não há outra na América Latina. Era uma personalidade difícil de tratar, desdenhoso também com o que gostava, mal humorado e de uma timidez sem limites. Essas qualidades se refletem no "estilo crapuloso" que o escritor peruano Mario Vargas Llosa analisa no seu recente ensaio sobre Onetti, El viaje a la ficción (A viagem à ficção).
Vargas Llosa acha que essa escuridão, essa amálgama vertiginosa de histórias trágicas e excrescências do corpo, fracassos e humilhações, desesperados e exploradores é mais que uma veia narrativa.
"(É) um protesto contra a condição que, dentro da incomensurável diversidade humana, fazia dele uma pessoa particularmente para isso que, com metáfora feroz, se chama 'a luta pela vida"', comenta Vargas Llosa.
Ele próprio, Onetti, disse à escritora e jornalista uruguaia María Esther Gilio: "Todas as personagens e todas as pessoas nasceram para a derrota. A gente não pode deter a trajetória da personagem em um instante de triunfo mas, se continuarmos, o final é sempre Waterloo".
Talvez por isso chegou em segundo lugar em quase todos os prêmios aos quais concorreu. Mas o último, e o mais importante na língua espanhola, o prêmio Cervantes que recebeu em 1980, serviu-lhe como conjuro contra as rejeições.
Primeiro foi finalista do prêmio Farrar e Reinhart, de Nova Iorque, com o romanceTiempo de abrazar (Tempo de abraçar): Ganhou dele Ciro Alegría com El mundo es ancho y ajeno (O mundo é largo e alheio). Logo, o argentino Marco Denevi o derrotou no concurso Life em Espanhol: Seu conto Ceremonia secreta (Cerimônia secreta) se impôs sobre o extraordinário Jacob y el outro (Jacob e o outro), que inicialmente não havia ficado sequer entre os selecionados.
Algo curioso, dado que é fácil reconhecer ali a grandeza narrativa de Onetti: A história acontece na sua cidade mítica, Santa María, e várias marcas do seu estilo - a monotonia e a asfixia da vida cotidiana, a cruel exploração entre as pessoas - se sucedem. Aparentemente, sequer o notou o crítico uruguaio Emir Rodríguez Monegal, um dos jurados. Alguém deve ter advertido-o porque em uma decisão final Jacob y el outro foi acrescentado a uma lista de finalistas que o omitia na sua primeira versão.
Esse destino é uma ironia para alguém que, quando teve que julgar, o fez com uma arbitrariedade quase pueril. O vi castigar autores valiosos, entre eles o autor argentino Manuel Puig no concurso Primera Plana-Sudamericana, no qual foi jurado com a escritora argentina María Rosa Oliver e o escritor cubano Severo Sarduy. Havia consenso para premiar Boquitas pintadas (Boquinhas pintadas), que Puig apresentou com o título Tangos y boleros (Tangos e boleros), mas Onetti a rejeitou sem contemplações.
Em 1974, quando, junto com a escritora uruguaia Mercedes Rein e o crítico uruguaio Jorge Ruffinelli, concedeu o prêmio anual de narrativa da revistaMarcha ao conto El guardaespaldas (O guarda-costas), do uruguaio Nelson Marra, exigiu que fosse esclarecida a decisão: "O jurado Juan Carlos Onetti faz constar que o conto ganhador, embora sendo inequivocamente o melhor, contém passagens de violência sexual desagradáveis e inúteis do ponto de vista literário".
A ditadura que dominava o Uruguai não se importou: Achou que o conto debochava de um delegado morto anos antes pela guerrilha Tupamaros e prendeu Onetti (com 66 anos nesse momento), Rein (doente de câncer), o autor Marra e o diretor de Marcha Carlos Quijano.
Sem o complemento habitual de uísque e cigarros, Onetti leu romances policiais durante a sua reclusão em uma cela e sua posterior transferência a um centro neuropsiquiátrico, graças à pressão internacional. A prisão tirou do sério, mais de uma vez, este autor de tantas personagens suicidas e, quando chegou à Espanha, meses depois, achava que tinha perdido tudo e que seu futuro seria um marasmo.
"De fato, já não me interessava a minha vida como escritor", disse ao receber o prêmio Cervantes.
Havia passado muito tempo sem escrever e só um ano antes do prêmio, em 1979, voltou a publicar: Dejemos hablar al viento (Deixemos o vento falar). Até a sua morte, no dia 30 de maio de 1994, nunca retornou ao Uruguai. José María Sanguinetti, o primeiro presidente da recém-recuperada democracia, levou a Madri o seu Grande Prêmio Nacional de Literatura.
Não foi mais amável com as mulheres. Casou-se quatro vezes, as duas primeiras com primas que eram irmãs entre si: María Amalia Onetti e María Julia Onetti. Quando se separou da terceira esposa, a jornalista holandesa Elizabeth María Pekelharing, se casou para sempre - os 40 anos de vida que lhe restavam - com a violinista argentina Dorotea Muhr. A frase com que lhe dedicou, em 1960, La cara de la desgracia (A cara da desgraça), foi para o leitor tão cruel e misteriosa quanto o próprio relato: "Para Dorotea (Dolly) Muhr, esse ignorado cão da felicidade". A enigmática declaração de amor ou compaixão ou cólera resumia os seus tortuosos vínculos com a realidade.
Raras vezes as histórias pessoais de um escritor servem para iluminar a sua obra. No caso de Onetti, as formas ácidas dos seus amores são, no entanto, o preciso complemento das mulheres estéreis, mutiladas ou humilhadas pela vida que desfilam em suas ficções implacáveis. Certas frases rápidas como chicotes definem essas relações. O verso final de um célebre poema do uruguaio Idea Vilariño - com o qual Onetti teve uma infeliz e longa história sentimental - é o eco das infinitas amarguras que compartilharam.
"Não te verei morrer", profetiza Idea. Não há pior condenação que essa no amor: viver dando as costas para a morte de alguém a quem alguma vez se deu tudo.
Quando, em julho de 1967, o Instituto de Cultura e Belas Artes da Venezuela, que estava a ponto de conceder pela primeira vez o prêmio Rómulo Gallegos, reuniu em Caracas cerca de 20 escritores e críticos latino-americanos, Onetti chegou cedo e trancou-se em um quarto do hotel Tampa. Deitou-se, negou-se a sair e não fez outra coisa a não ser escrever, beber uísque, fumar e ler romances policiais.
Dolly o amou como era: com sua boemia, sua inquietação, seus excessos galantes. Garantiu a Vargas Llosa que foi feliz ao seu lado. Agora empolga-lhe o fato de que o leiam mais. "Estas homenagens o trazem à vista pública", disse há duas semanas, quando inaugurou o Ano Onetti no Uruguai com a leitura de fragmentos de El pozo (O poço), o primeiro romance.
Conseguiu, de algum modo, reconciliá-lo com as suas origens: na cúpula do legendário Teatro Solís, ele aparece em uma foto, gigante, olhando a Montevidéu de suas infinitas derrotas.
Terra Magazine
15/06/2009
Li, repasso com satisfação!
Porto perdeu identidade
A história de... António Rebordão Navarro, escritor e poeta
MANUEL VITORINO
O romance inédito "A Cama do Gato" ganhou, por unanimidade do júri, o Prémio Edmundo Bettencourt 2009, um concurso literário promovido pela Câmara Municipal do Funchal.
"Um Infinito Silêncio", título de um dos mais bonitos romances de António Rebordão Navarro, paira, por estes dias, sobre a atribuição do galardão ao livro inédito "A Cama do Gato", vencedor do Prémio Edmundo Bettencourt, poeta da Presença e cujo concurso literário foi atribuído pela Câmara Municipal do Funchal. Agora, na sua bonita casa do Passeio Alegre, à Foz do Douro, forrada de recordações, livros e pinturas, a conversa desagua, naturalmente, na distinção obtida, mas o ficcionista e poeta do Porto, resume em duas frases o que lhe vai na alma: "Surpresa e satisfação". Só isso? A resposta surge tímida e pausada: "Sim, fiquei naturalmente contente, e mais ainda quando soube que o galardão tinha sido atribuído por unanimidade do júri. Um prémio é sempre o reconhecimento do trabalho feito", confessa, não sem antes deixar algumas pistas sobre a obra premiada. "É uma história de amor bruscamente interrompida. É um livro de ficção, com várias leituras", diz o escritor de "Mesopotâmia" (1985, Prémio Miguel Torga); "A Praça de Liège" (1988, Prémio Literário Círculo de Leitores) e "Parábola do Passeio Alegre", entre muitos outros.
Autor de uma escrita singular, o ficcionista e poeta, admirador de Pessoa, Cesário Verde e Camilo Pessanha, continua a surpreender-nos e, em vez das luzes da ribalta, deixa-se extasiar pela luz única do mar da Foz do Douro; a casa fica em frente e é uma das mais bonitas do Porto antigo, situada ao lado do edifício onde viveu e morreu (fez ontem quatro anos) o poeta Eugénio de Andrade.
"Mesmo quando não falo implicitamente do Porto nos meus livros, os lugares, as pessoas e as vivências estão sempre presentes. Por exemplo, no romance "Todos os Tons da Penumbra" (publicado em 2000) não referia a cidade, mas o Porto está presente. Não posso esquecer que o Porto é o lugar onde vivo e amo", responde com emoção e orgulho que só as gentes do burgo portuense são capazes de entender e reconhecer.
Mas será que o seu olhar do Porto não se desvaneceu, isto é, a cidade mantém o seu carácter e identidade? "Nem pensar", diz prontamente. "O Porto de hoje já não é a cidade que conheci. Hoje, o Porto está vazio de cidadãos. Perdeu muito da sua identidade e carácter. Dantes, existiam lugares de encontro. Hoje, há shoppings por todo o lado e mesmo os cafés cederam a outros negócios e interesses", reconheceu.
Na memória da cidade fraternal e solidária o escritor do Porto deriva a conversa para as tertúlias dos cafés, entre os quais, o Rialto, onde em tempo de ditadura diversos intelectuais, gente das letras e das artes, deram à estampa as "Notícias do Bloqueio", famosos cadernos de poemas com assinatura de Egipto Gonçalves, Luís Veiga Leitão, Daniel Filipe, Papiniano Carlos e, obviamente, Rebordão Navarro. Outros tempos. Agora, em tempo de outras peregrinações, o escritor relê a obra de Dirk Bogarde ["As Sombras no Jardim"] e espera, lá para o final do ano, que a Editora Afrontamento publique mais duas obras: "As Ruas Presas às Rodas", o tal romance inédito que narra a história de um motorista de táxi, bem como a reedição de "Mesopotâmia" (1985). O resto do tempo é vivido diante da varanda virada para o mar.
01/06/2009
SUASSUNA Prêmio Conrado Wessel 2008
Entrega do Prêmio Conrado Wessel 2008 acontece nesta segunda-feira, em São Paulo; escritor Ferreira Gullar também já foi premiado em 2004
Da Redação do pe360graus.com
O escritor Ariano Suassuna, autor de “O santo e a porca”, “O auto da compadecida” e “O Romance da Pedra do Reino” foi o vendedor do Prêmio Conrado Wessel 2008 na área de Cultura. A cerimônia de entrega acontece nesta segunda-feira (1º), às 19h, em São Paulo.
Segundo o júri da premiação, Suassuna foi selecionado "devido à eficácia de sua incansável redescoberta e projeção dos genuínos valores culturais brasileiros". Em 2004, o prêmio foi para o poeta Ferreira Gullar.
Ariano Suassuna, além de escritor, é advogado, professor e acadêmico da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras. Com Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro do Estudante Pernambucano, ainda quando acadêmico de direito, dedicando-se a compor peças, tendo iniciado com “Uma Mulher Vestida de Sol”, que lhe deu o prêmio Nicolau Carlos Magno. Atualmente, o escritor ocupa cargo de Secretário de Cultura em Pernambuco.
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Da Redação do pe360graus.com
O escritor Ariano Suassuna, autor de “O santo e a porca”, “O auto da compadecida” e “O Romance da Pedra do Reino” foi o vendedor do Prêmio Conrado Wessel 2008 na área de Cultura. A cerimônia de entrega acontece nesta segunda-feira (1º), às 19h, em São Paulo.
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Ariano Suassuna, além de escritor, é advogado, professor e acadêmico da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras. Com Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro do Estudante Pernambucano, ainda quando acadêmico de direito, dedicando-se a compor peças, tendo iniciado com “Uma Mulher Vestida de Sol”, que lhe deu o prêmio Nicolau Carlos Magno. Atualmente, o escritor ocupa cargo de Secretário de Cultura em Pernambuco.
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Agência de Notícias do Acre - Hoje será lançado o II Prêmio Garibaldi Brasil de Literatura
Poeta do Brasil! Nada melhor do que um prêmio em dinheiro para irrigar a inspiração, não é mesmo?
Parafraseando a Cecília Meirelles: "um poeta indiferente / escreve por escrever somente / não necessita de nada".
Ou Gilberto Gil: "Poetas, seresteiros, namorados, correi! É chegada a hora de escrever e cantar" / Traduzindo, hora de escrever e de participar. Mãos à obra! Escrevei! Participai!
As inscrições para a segunda edição do prêmio iniciam durante a Bienal da Floresta do Livro e da Leitura Enquanto Rio Branco se movimentava em volta da literatura na Bienal da Floresta do Livro e da Leitura, que começou nesta sexta-feira, escritores veteranos e novatos podem aproveitar toda esta agitação para mais uma vez mostrar os seus trabalhos literários. É o lançamento do II Prêmio de Literatura Garibaldi Brasil que acontece no dia 1º de junho no Teatro Betho Rocha, do colégio Estadual Barão do Rio Branco (CERB).
As inscrições das obras acontecem entre os dias 01 de junho e 31 de dezembro. São seis meses para que os escritores apresentem na sede da Fundação Garibaldi Brasil, no Parque Capitão Ciriaco, obras nas categorias de Conto, Crônica, Romance, Poema, Ensaios, Memórias e Casos. Cada inscrito poderá concorrer com até 03 obras por categoria, porem só será premiado um texto por categoria. Serão premiados em dinheiro os três primeiros colocados em cada categoria, sendo de R$ 1.500,00 para o primeiro colocado, R$ 1.000,00 para o segundo e R$ 500,00 para o terceiro.
O Prêmio de Literatura Garibaldi Brasil foi lançado pela primeira vez em 2007 tendo os resultado entregues em 2008 na comemoração do centenário do jornalista, artista plástico, chargista e escritor que dá nome ao prêmio e a Fundação Municipal de Cultura. Mais de 150 trabalhos foram apresentados na primeira edição do concurso, desses, 61 foram escolhidos entre as diversas categorias, dando origem ao livro “A Nova Literatura Acreana”, lançado ano passado. “Na primeira edição tivemos a oportunidade de conhecer o público que produzia literatura na cidade, o que foi além das nossas expectativas. Este ano nós pretendemos consolidar o concurso e esperamos um número maior de inscrições” afirma Tânia Oliveira, Coordenadora do Setor de Ações Continuadas da Fundação Garibaldi Brasil. O concurso conta com a parceria da Fundação Garibaldi Brasil e a Acadêmica Acreana de Letras.
31/05/2009
EGO NOTÍCIAS
- É.
QUERO DIVULGAR E POSSO?
- SIM.
VAI FUNCIONAR?
- ISSO EU NÃO SEI, MAS ESPERO QUE SIM.
POESIA NA ESTANTE
- 50 POEMAS (Antologia bilíngue: Português e Alemão) - Anderson Braga Horta / Tradução de Curt Meyr-Clason)
- A CONTINGÊNCIA DO SER - Célio César Paduani
- A INSÔNIA DOS GRILOS - Jorge Tufic
- A RETÓRICA DO SILÊNCIO - Gilberto Mendonça Teles
- A ROSA DO POVO - Carlos Drummond de Andrade
- A SOLEIRA E O SÉCULO - Iacyr Anderson Freitas
- A VACA E O HIPOGRIFO - Mário Quintana
- AINDA O SOL - Gabriel Bicalho
- ARTE DE ARMAR - Gilberto Mendonça Teles
- ARTEFATOS DE AREIA - Francisco Carvalho
- AS IMPUREZAS DO BRANCO - Carlos Drummond de Andrade
- BARCA DOS SENTIDOS - Francisco Carvalho
- BARULHOS - Ferreira Gullar
- BAÚ DE ESPANTO - Mário Quintana
- BICHO PAPEL - Régis Bonvicino
- CADERNO H - Mário Quintana
- CANTATA - Yeda Prates Bernis
- CANTIGA DE ADORMECER TAMANDUÁ E ACORDAR UNS HOMENS - Pascoal Motta
- CANTO E PALAVRA - Affonso Romano de Sant'Anna
- CARAVELA - REDESCOBRIMENTOS - Gabriel Bicalho
- CENTRAL POÉTICA - Lêdo Ivo
- CONVERSA CLARA - Domingos Pelegrini Jr.
- CORPO PORTÁTIL - Fernando Fiorese
- CRIME NA FLORA - Ferreira Gullar
- CRISTAL DO TEMPO & A COR DO INVISíVEL - Maria do Rosário Teles do invisível
- DIÁRIO DO MUDO - Paulinho Assunção
- DICIONÁRIO MÍNIMO - Fernando Fábio Fiorese Furtado
- DUAS ÁGUAS - João Cabral de Melo Neto
- ELEGIA DO PAÍS DAS GERAIS - Dantas Motta
- ESTESIA (Triolés) - Napoleão Valadares
- FANTASIA - Napoleão Valadares
- FINIS TERRA - Lêdo Ivo
- GUARDANAPOS PINTADOS COM VINHO - Jorge Tufic
- HORA ABERTA - Gilberto Mendonça Teles
- HORTA (Versos em Três Tempos) - Anderso de Araújo Horta - Maria Braga Horta e Anderson Braga Horta
- INVENÇÃO DE ORFEU - Jorge de Lima
- LAVRÁRIO - Márcio Almeida
- LIRISMO RURAL (O Sereno do Cerrado) - Gilberto Mendonça Teles
- MEL PERVERSO - Márcio Almeida
- MELHORES POEMAS - Paulo Leminski
- NARCISO - Marcus Accioly
- O ESTRANHO CANTO DO PÁSSARO - Célio César Paduani
- O ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA - Cecília Meirelles
- O SONO PROVISÓRIO - Antônio Barreto
- O TERRA A TERRA DA LINGUAGEM - Gilberto Mendonça Teles
- OS MELHORES POEMAS DE FERREIRA GULLAR - Ferreira Gullar
- PASTO DE PEDRA - Bueno de Rivera
- PLURAL DE NUVENS - Gilberto Mendonça Teles
- POEMA SUJO - Ferreira Gullar
- POEMAS REUNIDOS - Gilberto Mendonça Teles
- POEMAS REUNIDOS - João Cabral de Melo Neto
- POESIA REUNIDA - Jorge Tufic
- RETRATO DE MÃE - Jorge Tufic
- SIGNO (Antologia Metapoética) - Anderson Braga Horta
- VER DE BOI - Pascoal Motta
- VESÂNIA - Márcio Almeida
- VIANDANTE - Yeda Prates Bernis