23/02/2008

POESIA

POESIA:

uma tentativa de preservação das raríssimas áreas verdes da sensibilidade, de preservação dos derradeiros rastros do humanismo.

FUNÇÕES:

Tem funções nitidamente sociais, seja no sentido de reelaboração do Ser, seja no sentido de aprimoramento da sensibilidade. Funciona, ainda, como poderosa arma de contestação, além de ser um instrumento didático, na medida em que instrui, educa e sensibiliza, na medida em que informa, denuncia e faz indagações.

(Em PASTORAL DE MINAS – Prêmio de Literatura Cidade de Belo Horizonte – Poesia - 1981 - Editora Comunicação, 1982).

PALAVRA INICIAL

Como se a sensibilidade fosse um pássaro, cumpre nortear seu vôo, multiplicar seu canto, aprimorar seus instrumentos de luta. Que a poesia, mais do que um exercício de vôo, seja a transformação, pelo canto, a serviço do homem, a serviço das liberdades individuais e coletivas.

Em SOMBRIO CHAPÉU - poesia - livro inédito

17/02/2008

HERANÇA

HERANÇA Geraldo Reis

Geraldo Reis

Depois da noite, do abismo da noite
Ninguém perturbe o silêncio dos óculos
deixados

Como que esquecidos de mim,
Sobre a mesa.

Nunca mais verei com aqueles óculos,
minha dama
De segredo feita e paisagem.
Nenhum calor, nas lentes, que a recorde.

No quarto onde mal dormia
Eu vos deixo de herança
Meus olhos cambaios.

TRÊS POEMAS ENLAÇADOS


Geraldo Reis 

1 - ENTRE AMAPOLAS

Como o feno preconiza a morte dos cavalos
E a tua crença nos astros
Que entre amapolas tombava
Nunca mais te verei.

(Todo boi guarda no corte
O seu quinhão de visita).

Por inventar a chuva sob os plátanos
De janeiros e becos aterrada
Nunca mais te verei.

E nem que os cavalos ressonem na escuridão
na escuridão do milho
E nem que o feno anuncie a palavra medo
entre sombras e retalhos
E nem que a tua falta ante assoprando a semente
Na recomposição de um fogo ainda agora sitiado
Nunca mais te verei.

Entre reconquistas armadas
que são perdas

Repenso a tua boa
de mim distanciada.


2 - O AMOR E OS VENTOS

Enfim, não te conheço
Não te procuro nem te ressuscito

Espalho aos quatro cantos a notícia
De que não te entendi porque não existias.

Meu sonho foi o teu criador.

Nem foi real a minha febre
Quando me acenava com a tua existência.

E o fato é que não existias
Nem existes
Para o meu completo acabamento.

Ainda agora te reconheço impossível:
Lenda
Sonho
Pesadelo.

Sei que de fato não me tomarás de novo como o guardião
de teus becos
Porque de fato não existes
E eu já não te sonho
Nem te quero.

Não te trago à luz de um pesadelo sequer
Porque é bom que não existas
Como os ventos febris que me sopravas
Com a suposta gravidez de tua boca.


3 - SIMPLES GESTO

Com um simples gesto
Recomporei na memória
Os estilhaços de teu nome e tua boca.

Com gesto simples
Estarei colhendo flores
E entoando amavios apressados
Como se isso fosse a certeza de tuas mãos
de súbito
Ressuscitadas para a gratidão da oferenda.

Posso também acalmar os gerânios
Arrancar as petúnias e dar de comer aos cavalos
Vazar meus próprios olhos
Ou demolir a casa
Ou viajar de mim.

Um dia, é certo,
Um dia,
Não me encontrarás enfeitado para a festa
Por promessas de brio e algaravia
Nem que a memória em mim refaça o canto
De teu retrato falado e redimido


CANTO LÍQUIDO


CANTO LÍQUIDO
(LEMBRANDO BILAC


                  Geraldo Reis


PEDRA LÍQUIDA
COMIGO DESDE A INFÂNCIA.

ÚNICA PEDRA QUE TIVE
E QUE ME LIQUIDA.


PEDRA LÍQUIDA
PEDRA BALA

PEDRA QUE ME LIQUIDANDO
ME EMBALA.

ESSA PEDRA É O MEU CANTO
MEU ACALANTO
MEU ENCANTAMENTO LEMBRANDO BILAC

EU, POETA DE ARAQUE.

COM ELA DIREI “TE AMO”

TANTO QUANTO
OUVINDO ESTRELAS
TRANSFIGURADO

EU, PÁLIDO DE ESPANTO E DE PECADO.


BH 31 05 2008

POESIA NA ESTANTE

  • A CONTINGÊNCIA DO SER - Célio César Paduani
  • A INSÔNIA DOS GRILOS - Jorge Tufic
  • A RETÓRICA DO SILÊNCIO - Gilberto Mendonça Teles
  • A ROSA DO POVO - Carlos Drummond de Andrade
  • A SOLEIRA E O SÉCULO - Iacyr Anderson Freitas
  • A VACA E O HIPOGRIFO - Mário Quintana
  • AINDA O SOL - Gabriel Bicalho
  • ARTE DE ARMAR - Gilberto Mendonça Teles
  • ARTEFATOS DE AREIA - Francisco Carvalho
  • AS IMPUREZAS DO BRANCO - Carlos Drummond de Andrade
  • BARCA DOS SENTIDOS - Francisco Carvalho
  • BARULHOS - Ferreira Gullar
  • BAÚ DE ESPANTO - Mário Quintana
  • BICHO PAPEL - Régis Bonvicino
  • CADERNO H - Mário Quintana
  • CANTATA - Yeda Prates Bernis
  • CANTIGA DE ADORMECER TAMANDUÁ E ACORDAR UNS HOMENS - Pascoal Motta
  • CANTO E PALAVRA - Affonso Romano de Sant'Anna
  • CARAVELA - REDESCOBRIMENTOS - Gabriel Bicalho
  • CENTRAL POÉTICA - Lêdo Ivo
  • CONVERSA CLARA - Domingos Pelegrini Jr.
  • CORPO PORTÁTIL - Fernando Fiorese
  • CRIME NA FLORA - Ferreira Gullar
  • CRIME NA FLORA - Ferreira Gullar
  • CRISTAL DO TEMPO & A COR DO INVISíVEL - Maria do Rosário Teles do invisível
  • DIÁRIO DO MUDO - Paulinho Assunção
  • DICIONÁRIO MÍNIMO - Fernando Fábio Fiorese Furtado
  • DUAS ÁGUAS - João Cabral de Melo Neto
  • ELEGIA DO PAÍS DAS GERAIS - Dantas Motta
  • FINIS TERRA - Lêdo Ivo
  • GUARDANAPOS PINTADOS COM VINHO - Jorge Tufic
  • HORA ABERTA - Gilberto Mendonça Teles
  • INVENÇÃO DE ORFEU - Jorge de Lima
  • LAVRÁRIO - Márcio Almeida
  • LÍRIOS POSSÍVEIS - Gabriel Bicalho
  • LIRISMO RURAL (O Sereno do Cerrado) - Gilberto Mendonça Teles
  • MEL PERVERSO - Márcio Almeida
  • MELHORES POEMAS - Paulo Leminski
  • O ESTRANHO CANTO DO PÁSSARO - Célio César Paduani
  • O ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA - Cecília Meirelles
  • O SONO PROVISÓRIO - Antônio Barreto
  • O TERRA A TERRA DA LINGUAGEM - Gilberto Mendonça Teles
  • OS MELHORES POEMAS DE FERREIRA GULLAR - Ferreira Gullar
  • PASTO DE PEDRA - Bueno de Rivera
  • PLURAL DE NUVENS - Gilberto Mendonça Teles
  • POEMA SUJO - Ferreira Gullar
  • POEMAS REUNIDOS - Gilberto Mendonça Teles
  • POEMAS REUNIDOS - João Cabral de Melo Neto
  • POESIA REUNIDA - Jorge Tufic
  • RETRATO DE MÃE - Jorge Tufic
  • VER DE BOI - Pascoal Motta
  • VESÂNIA - Márcio Almeida
  • VIANDANTE - Yeda Prates Bernis