Excerto de
ESTAÇÕES DA AUSÊNCIA
PASCHOAL MOTTA
Destaque para essa joia. Momento de altíssimo sentir e viver em poesia de permanente amor. O poema nos parece tenro, mas, “é de 1995”, informa o emocionado menestrel. Lá se foram 20 anos! O poema, rejuvenescido, novo em folha, vai atravessando o tempo, como se fosse um fruto saboroso, um perfume, um beijo trazido pela brisa da manhã para a afinar a sensibilidade, emocionar corações apaixonados e encantar o mundo. (Geraldo Reis)
- REGISTRO -
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E hoje, 21/10/2023, acrescento: Um ano de seu passamento, Poeta! Continuamos no propósito de defender as bandeiras do verso, do espanto, das palavras perdidas, cordeiros que tentamos apascentar um dia juntos. O cajado em que escoramos a falta de sua presença física, aponta os rumos da caminhada. Esteja em Paz. Aqui, haveremos de esperar a Primavera que virá... e certamente virá. Ainda que não tenhamos seus (do poeta) "olhos físicos" para vê-la, ela permanece, e permanecendo, virá, pois nunca se foi. Está imortalizada nos versos que lhe foram consagrados. (GR).
viajas no pólen do desejo
nas asas de abelhas operosas,
luz inteira, garça em azul;
voltas do sempre, desde o gesto
inicial, desde a pedra e o musgo,
desde a fonte, desde a sede;
e chegas: tuas mãos destas vazias
velejam num remanso de lágrima,
por ausência e apelos repetidos;
luar na tarde, calma na estrada,
sonho de um sabiá protegido
na sombra de verde cantiga;
nem sabia mais o gosto da polpa
da manga de vez das meninices,
cheiro roxo do capim-de-mel;
agora, encanto: a festa nas espigas,
e te reencontro, encantada manhã,
flor de primavera, seiva e raiz.