MINAS
EM PRETO
E BRANCO
(COM A DEVIDA VÊNIA, LEMBRANDO
DRUMMOND)
EM PRETO
E BRANCO
(COM A DEVIDA VÊNIA, LEMBRANDO DRUMMOND)
Geraldo Reis / maio 2019
Se Minas não há mais, José,
e se a festa acabou
Resta a lembrança da parede que dói
como um deserto
mais do que o retrato.
Resta a maldição do retrato
em preto e branco
perseguindo o reboco.
em preto e branco
Resta a algaravia
pousada de madrigais,
no beiral abandonado.
Resta o muro que enferruja o subsolo.
Se Minas não há mais, José,
resta a lembrança
de um vitral que se desfaz
na garganta comovida dos
galos
entre as duas cores do retrato de hoje.
Minas não dá mais, José,
e agora?
Lembrada em preto e branco
mais do que o retrato
Minas é uma parede que dói.