Registre-se que o poema foi escrito originalmente por Paschoal Motta, com destaque para a redondilha maior. Em nota o autor informa que escreveu "diante de foto anônima de um tatuzinho sendo ali amamentado."
Fiz uma segunda voz à guisa de acompanhamento, com preferência para decassílabos, à revelia, com total desconhecimento do mestre, até para que lhe fosse, agradável ou não, uma surpresa.
Fiz uma segunda voz à guisa de acompanhamento, com preferência para decassílabos, à revelia, com total desconhecimento do mestre, até para que lhe fosse, agradável ou não, uma surpresa.
A tarefa implicou inclusive na divisão do poema em blocos.
Mais do que atrevimento que possa parecer, a "nova parceria" tem a intenção de justa homenagem.
É assim que esse NOVO POEMA A QUATRO MÃOS foi escrito e vem a público.
CANTIGUINHA DE ACALENTAR TATU
(Seguida de represado canto greis, secundado à distância).
I
Mama, alegre o tatuzinho
sonhando, a mamãe dorme,
Não só de porre vive "esse menino"
vive também de um pesadelo enorme.
É que o homem, seu vizinho
o quer para ele, de conforme
Quer a carne do pobre após o vinho
deve comê-lo num banquete enorme.
II
O tatu, ah, o tatu,
nem na boca ele traz dente
numa toca de dureza...
Há de chorar por ele uma serpente
fria lágrima de vidro, com certeza.
III
O homem será homem
quando bebe o leite do inocente
para escavar incerteza?
Treinado cão de caça vai à frente
logo haverá de abocanhar a presa.
IV
Tatuzinho, quem me dera,
fosse o homem diferente
Deixasse o bicho ver a Primavera
depois, morrer de velho e de contente.
numa toca de dureza...
Há de chorar por ele uma serpente
fria lágrima de vidro, com certeza.
III
O homem será homem
quando bebe o leite do inocente
para escavar incerteza?
Treinado cão de caça vai à frente
logo haverá de abocanhar a presa.
IV
Tatuzinho, quem me dera,
fosse o homem diferente
Deixasse o bicho ver a Primavera
depois, morrer de velho e de contente.
Ele, o homem, a mais fera fera
com frieza inteligente
com frieza inteligente
É cruel para além da estratosfera
Não dá valor ao pobre ser vivente.
V
Não dá valor ao pobre ser vivente.
V
Durma seu tempo em sossego
meu tatuzinho e irmão
desfrute enquanto pode seu chamego
e abre um buraco no meu coração.
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Paschoal Motta, jornalista, professor, escritor. Publicou os livros de poemas VER DE BOI, Prêmio Cidade de Belo Horizonte - 1973, CANTIGA DE ADORMECER TAMANDUÁ e ESTAÇÕES DA AUSÊNCIA. Em prosa, EU TIRADENTES, dentre outros. Reside em São Pedro dos Ferros/MG;
Geraldo Reis - Blog O SER SENSÍVEL. Reside em Belo Horizonte/MG.
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