ALÍVIO
Márcio Almeida
Uma noite sem pernilongo,
uma semana sem falcatrua da Petrobras,
uma chuvinha com raios e trovões em meio a madrugada,
um jornal de TV sem bala perdida,
um dia sem falta
d´água,
um consenso no Congresso a favor do povo,
um dia sem o risco de apagão,
um outro dia sem aumento das taxas de serviços,
um programa de TV sem apelação ao sexo,
um político pronunciando a palavra "nós",
uma música que não seja só sertanoja ou funk,
um jornal sem a conivência com o poder,
uma religiosidade sem as peias do fanatismo,
uma manifestação pública sem os excessos do rancor,
um atendimento no SUS sem
omissão,
uma ida ao supermercado sem
inflação,
um livro bom que não seja best-seller,
uma taxa que não tenha desemprego,
uma redação do Enem que não tenha nota zero,
24 horas apenas sem o país entrar em déficit,
um outro sem o aumento de juros e tarifaço,
um expediente de Brasília sem o lastro da falácia,
um poente verde na Amazônia sem prostituição ecológica,
um dia nas megalópoles sem o drama apocalíptico,
uma hora de preservação histórica ameaçada pela penúria,
um novo cânone que não se baseie em carnaval e futebol,
uma lei seca contra a operação Lava-Jato,
uma outra lei que não engesse as artes e a cultura,
e ainda uma lei contra os embargos continentais,
um encolhimento no mercado de veículos aqui ou na Rússia,
uma arrecadação que não seja pilhada por subterfúgios,
uma dívida que não comprometa as futuras gerações,
um resgate da perda quase irreparável da legitimidade
política do país,
um refresco nos ataques terroristas no Oriente Médio,
uma bandeira branca contra as guerras pelo mundo,
uma reportagem definitiva sobre o massacre de judeus na 2a
Guerra,
uma serventia gratuita
para smartphones e avanços da
tecnologia,
um espelho para a transparência,
um antídoto contra os recordes inseguros (mortes, roubos,
assaltos),
uma garantia para a liberdade de imprensa,
um idioma universal, um green
card universal,
um aproveitamento de mais de 0,01% do cordão umbilical de
banco privado de sangue,
um planejamento familiar planetário,
um ovni para esticar a vida fora da Terra,
uma forma para livrar o país de 32 bi nas contas públicas,
um único dia sem competitividade humana,
um único dia sem cometer devassa na natureza,
uma chance para tirar o país da UTI,
um instante para lembrar que a poesia (ainda) existe.
Um comentário:
Reccebi do estimado poeta e tenho a honra de divulgar no blog. Estou cobrando antigo poema AO HOMEM VIETNÃ, excelente poema, já antológico, que desejo publicar. Obrigado amigo! Abraço poético e aquele inté!
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