09/06/2007

NAQUELE JANEIRO


NAQUELE JANEIRO



 
Geraldo Reis



Naquele janeiro as centopeias seriam silenciadas pela chuva
E carreadas até o primitivo desenho de teu corpo na pedra.
Naquele janeiro, as águas repetiriam teu nome no tropel dos cavalos
E o relâmpago recortaria nas grotas o caminho de teu seio.


Naquele janeiro habitarias para sempre o coração das águas
Entre musgo, lianas, serpentes e beijos.
Naquele janeiro, dariam teu corpo como desterrado para sempre
E o barulho de teu sono anunciaria a instalação do caos na paisagem.


Naquele janeiro, as vinhas seriam pisoteadas pelo gado
E as uvas encurtariam a embriaguez antiga
Do vinho derramado pela mão que repetiu teu gesto.


Naquele janeiro, deusa, tendo-se por dissipado na bruma o estampido
Seríamos surpreendidos pelo teu nome na velha folha de malva
E boiaríamos para sempre, órfãos de tua boca, de tua face, mãos e atropelos.

6 comentários:

Geraldo Reis Poeta disse...

Dentre inúmeros poemas considero NAQUELE JANEIRO um texto especial, que me emociona. Agrada-me vê-lo na internet. Infelizmente ninguém o leu, se o fez, nada disse. Continuo a espera de um comentário, pelo menos um, para colocar novos poemas. É um propósito. Enquanto não tiver um comentário, pelo menos um será esse meu único poema no BLOG. Para o bem e para o mal.
Graldo Reis. 09 janeiro 2008.

Geraldo Reis Poeta disse...

Layon mandou-me e-mail dizendo que não conseguiu cessar o blog. Disse que gosta do poema, que já o conhece e quer vê-lo na internet. VOu pesquisar e ver o que está acontecendo com o blog. Geraldo Reis

Geraldo Reis Poeta disse...

Layon mandou-me e-mail dizendo que não conseguiu acessar o blog. Disse que gosta do poema, que já o conhece e quer vê-lo na internet. VOu pesquisar e ver o que está acontecendo com o blog. Geraldo Reis

Geraldo Reis Poeta disse...

Elias Layon mandou um email dizendo que conhece o poema, mas não conseguiu acessar o blog.

Déia Leal disse...

Como vai a família? A poesia é vício no início, meio e fim do caminho, como a pedra dantesca.
O estilo o poeta descobre com o tempo... ou então fica na mesmice. Concordo com você que a expansão do trabalho do Jornal ALDRAVA Cultural está mais consistente e terá um lugar de mais destaque no mundo. A linguagem do terceiro milênio está relacionada com o desenvolvimento dos recursos eletrônicos e dará continuidade às transformações ininterruptas das linguagens artísticas.
Sua poesia NAQUELE JANEIRO é contemplação, vejo como um dos meios mais eficazes de chegar a consciência humana e tocar os sentidos do indivíduo.

Parabéns Geraldo Reis! Sua poesia figura com destaque e jorra com estilo personalíssimo. Aproveitando o contato: seu poema está no site do Jornal Aldrava.


Atenciosamente,
andreia donadon leal - déia leal

www.jornalaldrava.com.br

Geraldo Reis Poeta disse...

Uai! Meu Deus!

em que mundo estive que não registrei o meu contentamento com essa joia aqui deixada? É, com certeza, um lapso. Desculpas, não vale pedir... Ou vale? Té mais ver, amiga. Esteja certa de nossa estima e de nosso respeito e admiração pelo seu trabalho. Inté! A gente se ainda vê. Com certeza. E que isso não demore a acontecer.

POESIA NA ESTANTE

  • 50 POEMAS (Antologia bilíngue: Português e Alemão) - Anderson Braga Horta / Tradução de Curt Meyr-Clason)
  • A CONTINGÊNCIA DO SER - Célio César Paduani
  • A INSÔNIA DOS GRILOS - Jorge Tufic
  • A RETÓRICA DO SILÊNCIO - Gilberto Mendonça Teles
  • A ROSA DO POVO - Carlos Drummond de Andrade
  • A SOLEIRA E O SÉCULO - Iacyr Anderson Freitas
  • A VACA E O HIPOGRIFO - Mário Quintana
  • AINDA O SOL - Gabriel Bicalho
  • ARTE DE ARMAR - Gilberto Mendonça Teles
  • ARTEFATOS DE AREIA - Francisco Carvalho
  • AS IMPUREZAS DO BRANCO - Carlos Drummond de Andrade
  • BARCA DOS SENTIDOS - Francisco Carvalho
  • BARULHOS - Ferreira Gullar
  • BAÚ DE ESPANTO - Mário Quintana
  • BICHO PAPEL - Régis Bonvicino
  • CADERNO H - Mário Quintana
  • CANTATA - Yeda Prates Bernis
  • CANTIGA DE ADORMECER TAMANDUÁ E ACORDAR UNS HOMENS - Pascoal Motta
  • CANTO E PALAVRA - Affonso Romano de Sant'Anna
  • CARAVELA - REDESCOBRIMENTOS - Gabriel Bicalho
  • CENTRAL POÉTICA - Lêdo Ivo
  • CONVERSA CLARA - Domingos Pelegrini Jr.
  • CORPO PORTÁTIL - Fernando Fiorese
  • CRIME NA FLORA - Ferreira Gullar
  • CRISTAL DO TEMPO & A COR DO INVISíVEL - Maria do Rosário Teles do invisível
  • DIÁRIO DO MUDO - Paulinho Assunção
  • DICIONÁRIO MÍNIMO - Fernando Fábio Fiorese Furtado
  • DUAS ÁGUAS - João Cabral de Melo Neto
  • ELEGIA DO PAÍS DAS GERAIS - Dantas Motta
  • ESTESIA (Triolés) - Napoleão Valadares
  • FANTASIA - Napoleão Valadares
  • FINIS TERRA - Lêdo Ivo
  • GUARDANAPOS PINTADOS COM VINHO - Jorge Tufic
  • HORA ABERTA - Gilberto Mendonça Teles
  • HORTA (Versos em Três Tempos) - Anderso de Araújo Horta - Maria Braga Horta e Anderson Braga Horta
  • INVENÇÃO DE ORFEU - Jorge de Lima
  • LAVRÁRIO - Márcio Almeida
  • LIRISMO RURAL (O Sereno do Cerrado) - Gilberto Mendonça Teles
  • MEL PERVERSO - Márcio Almeida
  • MELHORES POEMAS - Paulo Leminski
  • NARCISO - Marcus Accioly
  • O ESTRANHO CANTO DO PÁSSARO - Célio César Paduani
  • O ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA - Cecília Meirelles
  • O SONO PROVISÓRIO - Antônio Barreto
  • O TERRA A TERRA DA LINGUAGEM - Gilberto Mendonça Teles
  • OS MELHORES POEMAS DE FERREIRA GULLAR - Ferreira Gullar
  • PASTO DE PEDRA - Bueno de Rivera
  • PLURAL DE NUVENS - Gilberto Mendonça Teles
  • POEMA SUJO - Ferreira Gullar
  • POEMAS REUNIDOS - Gilberto Mendonça Teles
  • POEMAS REUNIDOS - João Cabral de Melo Neto
  • POESIA REUNIDA - Jorge Tufic
  • RETRATO DE MÃE - Jorge Tufic
  • SIGNO (Antologia Metapoética) - Anderson Braga Horta
  • VER DE BOI - Pascoal Motta
  • VESÂNIA - Márcio Almeida
  • VIANDANTE - Yeda Prates Bernis